sexta-feira, 28 de março de 2008

O Orson Welles da pequena área

É com grande pesar que escrevo essas linhas hoje. Figura polêmica do futebol brasileiro - há quem ame e há quem odeie -, Romário anuncia a sua despedida das quatro linhas sem qualquer alarde. Segundo disse, quis sair da mesma forma que entrou no futebol: sem ser notado.
Eu sou da turma dos amaram o estilo de jogar de Romário, o "gênio da pequena área" (como perfeitamente definiu outro grande lendário jogador de futebol, o holandês Johan Cruijff - o maestro da seleção holandesa da Copa de 1974, que ficou popularmente conhecida como "Laranja Mecânica" pelo seu estilo solto e bonito de jogar).
Além de ter tido grandes momentos com a camisa rubro-negra (minha grande paixão), também devo a ele ter presenciado o primeiro título mundial conquistado pela nossa seleção de futebol. Não, amigos, não estou fazendo nenhuma injustiça com o resto do time, pois sei muito bem que ele não jogou sozinho. Mas não há como negar que ele praticamente decidiu pelo menos três partidas naquela Copa de 1994.
Falando nele, gostaria de lembrar uma história que vivi nos tempos em que ia ao Maracanã todos os domingos. Meados da década de 1990, o Flamengo fazia seu primeiro jogo pelo Campeonato Brasileiro contra o Bragantino (SP). E como era de se esperar em qualquer início de campeonato, o público presente era bem fraco. O jogo foi bem morno, mas o que importa? Estávamos ali eu e o meu companheiro de Maraca naquela época, Edu Goldenberg, muito mais pelo baixinho do que pelo jogo em si. E realmente ele não nos decepcionou, fez uma partida impecável. Não errou um passe sequer, vindo várias vezes ao meio-de-campo buscar jogo (raras eram as vezes em que a bola chegava ao ataque). O jogo terminou zero a zero. Assim que o juiz apitou o final, o Edu virou para mim e disse: "Ele (Romário) é foda. Não errou um passe."
Na segunda de manhã, abro o Jornal do Brasil (no tempo em que ainda era um jornal de respeito e não uma espécie de "45 minutos" fazendo concorrência com o "Meia Hora") e leio a crônica do grande mestre Armando Nogueira que tinha o seguinte título: "Orson Welles".
Falava exatamente do jogo Flamengo x Bragantino e enaltecia a performance do Baixinho, que fez de tudo em campo (só faltou fazer chover), para um mísero número de espectadores. E, por fim, acabou comparando o fato ocorrido com a estréia de uma peça de teatro de Orson Welles na década de 1950. A peça demorava a se iniciar, pois quase não havia público. Percebendo então que já seria uma deselegância com os poucos presentes, resolveu iniciar se apresentando ao pequeno público: "Boa noite, eu sou Orson Welles, ator, roteirista, escritor, dramaturgo, diretor de cinema e de teatro. Pena que eu seja tanto e vocês tão pouco."
Valeu, Baixinho! Que venham outros a encantar com tanto brilho as tardes de domingo no Maracanã.

terça-feira, 25 de março de 2008

Aos amigos queridos

Como é difícil conseguir manter a regularidade e freqüência mesmo que de forma simples. Nossa, não pensei que criar um blog fosse tão complicado. Ou, melhor dizendo, mantê-lo. Como a rotina muda de uma hora pra outra. Pensei que fosse somente entrar e fazer um desabafo, mas agora me vi com uma "certa responsabilidade" em tocar o barco pra frente, pois senão a coisa desanda e perde-se a credibilidade.
Para os que têm filhos, como eu, é mais complicado ainda. Nesse exato momento minha filha está aqui do meu lado me puxando pra brincar e eu aqui relutando para escrever essas humildes e sacrificantes linhas.
Como já disse uma vez, espero dessa forma poder encontrar os amigos de vez em quando. Nem que seja de forma virtual. Pronto, taí um motivo para não parar de escrever. Os amigos!!! Mas será que eles terão a paciência e tempo para me ouvir. Acredito que não.
A partir de hoje, resolvi colocar alguns links interessantes de amigos que, assim como eu, vão tentando encontrar por aqui uma espécie de subterfúgio, válvula de escape. Aliás, links interessantes também terão espaço por aqui.
Olha só, tá vendo, já estou eu enchendo um pouco de lingüiça para fazer propaganda dos amigos. Mas acho que a causa é válida.
Vou tentar dividir este espaço com minha companheira, Simone. A idéia inicial era ela dividir este espaço comigo. Mas acho que vou acabar tocando sozinho. Bom, "ainda resta um pouco de esperança".

Vale a pena ler a excelente entrevista dada na Caros Amigos pelo economista e bandolinista nas horas vagas Luis Nassif - "Enfrentando a ferocidade da (revista) Veja". Para quem quiser, também indico o seu blog para ler detalhes de todo o "Dossiê Veja".

sábado, 22 de março de 2008

Salve Jorge!

Hoje aniversaria um dos artistas mais versáteis da MPB - Jorge Benjor (66 anos). Vivi grande parte da minha adolescência ouvindo suas músicas, pois meus irmãos mais velhos o adoravam e, como não podia deixar de ser, comigo também não foi diferente. E o conheci justamente na sua fase mais fértil.
Anos mais tarde, peguei a fase dos shows promovidos pela Prefeitura em espaços públicos do Rio - principalmente nas areias de Copacabana. Tempos bons aqueles em que se podiam assistir a bons shows sem pagar um tostão por isso. Ou melhor, no meu caso, o dinheiro era canalizado para as latinhas de cerveja consumidas na areia. Lembro também que nessa época assisti a vários shows do "síndico do Brasil" Tim Maia. Diziam que tinha a fama de não comparecer aos shows, mas felizmente não conheci esse seu lado. Ele não faltou a nenhum desses shows patrocinados pela Prefeitura. E ainda se apresentava na maior sobriedade e dava conta do recado, agradecendo aos organizadores pela qualidade do som. Um verdadeiro lorde!
Voltando ao querido "Babulina", escuto muita gente falando do seu manjado repertório para os shows. Tem pessoas que já sabem até a ordem das músicas a serem tocadas. Lamento muito isso, pois Benjor possui um vasto repertório de músicas maravilhosas e discos que considero verdadeiros clássicos. "A Tábua de Esmeralda" (1972), por exemplo, entraria na lista dos 10 melhores discos da MPB de muito pesquisador de música.
Falando em melhores discos da MPB, gostaria de abrir outro parêntese para falar um pouco disso (acho que até que merecerá mais adiante uma coluna somente sobre o assunto). Para aqueles que ainda acreditam que existe "programa bom" na televisão, cito uma cena acontecida na minissérie "Queridos Amigos" em que um personagem da trama presenteia um casal de amigos com o disco duplo "Clube da Esquina 2" de Milton Nascimento. Senti um arrepio tão grande, pois considero este disco a minha maior relíquia da minha humilde e variada discoteca. Isso sem querer entrar em questões de gêneros musicais. Se tivesse que salvar somente um disco, salvaria este.
Outro detalhe curioso da vida de Benjor é que no início da carreira era frequëntador assíduo da turma do Bar Divino, na Haddock Lobo (Tijuca). Dessa turma faziam parte Roberto e Erasmo Carlos, Gonzaguinha e Tim Maia.
Falar de Benjor hoje é falar de bons tempos vividos no passado. Viva Zé Pretinho!

Gostaria de agradecer a força e os comentários carinhosos de Patrícia Lima(terminando seu doutorado nos States), Isabella Zappa(minha mais nova colega de trabalho) e Heliani Saviolo(prima postiça). Prometo que tentarei me manter presente por aqui de alguma forma.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Baixarias

Faz tempo que tenho esse espaço reservado para minhas postagens, mas somente agora tomei coragem de iniciá-lo. Faço isso mais por força maior do que por desejo. Força maior porque fiquei bastante incomodado com a declaração dada pelo senador e futuro candidato à prefeitura da nossa querida cidade Marcelo Crivella sobre o deputado e "candidato virtual" Fernando Gabeira numa coligação pra lá de duvidosa (uma espécie de pacto com o "coisa-ruim" para chegar ao poder).
Pois é, somente comecei a atinar que a disputa política havia começado quando li hoje a manchete do jornal em que o senador evangélico acusa o deputado do PV de defender o aborto, a relação de homem com homem e a maconha. Isso mesmo, somente agora me dei conta de que haverá eleições municipais no fim do ano - a baixaria já está no ar e começou de forma bem quente e preconceituosa.
Em vez de plataformas de governo, mais uma vez abriu-se espaço para as verborragias de baixo calão. E o pior é que a mídia fica dando ibope para essas coisas. Minha vontade foi de vomitar em cima do jornal.
O "digníssimo" senador deveria fazer jus à imensa quantidade de votos recebidos na última eleição em que saiu como um dos mais votados senadores brasileiros e ter mais respeito com os eleitores. Se quiser ficar fazendo fofoquinhas e falar asneiras, que vá para um salão de cabeleireiros. Sem querer em nenhum momento depreciar lugares desse tipo, mas lá com certeza haveria alguém para ouvi-lo e quem sabe lhe dar razão.
Caso queira realmente discutir política deveria falar sobre o problema do controle de natalidade e da gravidez precoce que atinge as classes sociais mais pobres; deveria lutar contra preconceitos de todo o tipo - quer seja social, racial ou religioso; deveria debater sobre o tráfico de drogas que a cada dia mancha a imagem da cidade com a já prolongada "guerra do pó".
Faça-me o favor "abençoado" senador e não me venha a público com atitudes de dar inveja a qualquer "Dona Candinha".

Com isso, resolvi dar início a este espaço (blog) que será povoado de diversas maneiras, seja dialogando com outros blogs de amigos e parceiros meus, seja falando da vida, de música, samba, futebol, botequim, das mulheres etc.